O modelo de franquias se popularizou no País nos últimos anos e vem crescendo cada vez mais. Em 2014, o segmento movimentou cerca de R$ 129 bilhões, um crescimento de 8,4% em relação ao ano anterior. Grande parte desse movimento está relacionado à vantagem de ter o próprio negócio sem ter de começar uma marca “do zero”, já o empreendedor apenas se insere em um modelo pronto.
No entanto, há pontos importantes – ignorados com frequência em meio à empolgação das reuniões de franquias – que devem ser levados em conta antes que se tome a decisão de se tornar um franqueado. O iG conversou com especialistas e listou os principais.
Perfil de franqueado
A análise inicial consiste em saber que franquia é a ideal ou mesmo se o franchising é a melhor opção para o empreendedor. O modelo de franquias demanda muita disciplina e não dá ampla liberdade para tocar o negócio.
De acordo com Ana Vecchi, diretora da consultoria de inteligência estratégica Vecchi Ancona, a franquia não é indicada para pessoas que querem ser independentes de patrões para não terem que dar satisfações relacionadas ao trabalho. “Se a pessoa quer ser dona do próprio nariz, a franquia não é para ela. O franqueado que foge ao padrão é punido, inclusive com multas. O franqueador determina tudo e o franqueado cumpre”, explica.
Ramo de atuação
Erro comum dos empreendedores de primeira viagem é achar que o que os dá prazer necessariamente é o mesmo que os trará sucesso. Gostar de lidar com o público, por exemplo, não é exatamente a mesma coisa que saber gerir uma franquia na qual o relacionamento com pessoas é o carro-chefe. “É extremamente importante que não se confunda encantamento com o produto com a operação do dia a dia. Não basta amar lidar com o produto, precisa ter aptidão para a coisa”, explica Diego Simioni, consultor de franquias da GoAkira.
Análise paralela do mercado
Paralelamente ao que for vendido pela franqueadora, com todos os números e expectativas de lucro que encantam os potenciais franqueados, é papel do investidor fazer uma análise paralela do recorte do mercado para o ramo de atuação específico. “Conhecer o mercado no qual se vai entrar é fundamental. Se não tem esse conhecimento, é altamente recomendável pedir ajuda ao Sebrae ou a consultorias externas”, diz Simioni.
"Check-in" na satisfação dos franqueados
Tomada a decisão de se tornar um franqueado, agora é hora de ouvir quem já tem vivência no assunto – e nada melhor do que conversar com aqueles que vivem o trabalho na marca que o investidor tem como alvo. “O segredo é averiguar se tudo que foi vendido pela franqueadora se fez valer. Fazer um cruzamentro do que é falado entre a franqueadora e os franqueados é o melhor termômetro”, aponta Vecchi.
Entender os custos reais de todo o processo
A última das providências básicas para uma abertura segura de franquias demanda conhecimento e domínio das finanças próprias do futuro franqueado. Isso porque o modelo já vem pronto, assim como o know-how do negócio e todos os detalhes de operação, mas o tempo de retorno e o capital de giro devem ser observados com a máxima atenção.
“Tem de colocar tudo na ponta do lápis: a expectativa de faturamento, de gastos com produtos, de manter o estoque pedido, etc. É aí mora a grande armadilha, pois o capital de giro é o grande responsável pelas falências”, conclui o especialista.