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9 estratégias para enriquecer que não vão levar você a lugar algum

Em novo livro, Gustavo Cerbasi desconstrói mitos e defende a vida simples como caminho para a prosperidade

Menos de 2% dos bilhões de seres humanos que vivem sobre a Terra podem dizer que têm condições de viver até o fim de seus dias sem preocupações financeiras. Um número tão pequeno vai levar você a pensar, instantaneamente, que a independência financeira plena é para poucos. Mas não é. Gustavo Cerbasi, autor de 16 livros sobre finanças, que já venderam mais de 2 milhões de exemplares, explica o porquê em sua nova obra, A riqueza da vida simples.

“Desde o lançamento de Adeus, aposentadoria, em 2015, dediquei-me a trabalhar predominantemente os aspectos emocionais do planejamento (ou da falta dele) para construir uma prosperidade palpável e viável para todos. Com essa obra, virei do avesso as premissas de um planejamento tradicional (sacrificar, economizar, acumular e desfrutar) para atender também às pessoas que não se enquadravam nesse modelo”, destaca Cerbasi.

“Não consegue economizar? Mude sua vida! Não conseguirá se aposentar aos 65? Aposente-se mais tarde! Não aguentará trabalhar tanto? Planeje-se para uma carreira mais prazerosa! Acha que estará velho ao se aposentar? Cuide mais de sua saúde e de sua mente!

Adeus, aposentadoria trouxe alento e alívio a quem se sentia sufocado pelas orientações para poupar. Porém, eu baseava minhas recomendações em algumas iniciativas bastante contundentes. Por que você não se muda para uma casa menor? Por que não escolhe um automóvel mais barato? Por que não adota um estilo de vida mais simples?”, continua o autor.

“Nesse ponto, eu esbarrava em dois sentimentos de resistência por parte de meus leitores. Primeiro, há quem não tenha o que cortar. Seria ótimo reduzir o padrão de moradia, desde que a pessoa tivesse uma casa ou não pagasse aluguel no bairro mais barato da cidade. Seria bom ter um automóvel mais barato, desde que a pessoa não andasse de ônibus. Como simplificar um estilo de vida que já está no osso?”, questiona.

Em “A riqueza da vida simples”, a proposta é justamente “apresentar caminhos objetivos para acabar com essas objeções, provar que “a independência financeira é viável mesmo que sua renda seja baixa. Que viver bem é possível mesmo que você more em uma comunidade desassistida pelo Estado. Que você pode aumentar seu conforto e sua qualidade de vida mesmo quando abre mão de sofisticação e status, ou que pode manter seu status mesmo quando abre mão de grande parte de seus gastos.”

Primeiro passo: livrar-se dos mitos

De acordo com Cerbasi, todo processo de busca da prosperidade e, consequentemente, independência financeira esbarra em questões psicológicas: crenças limitantes, visões equivocadas, resistência à mudança. “Muitos de meus seguidores, ou alunos, fazem a ressalva de que, para uma pessoa enriquecer, outra tem que empobrecer. Ou, então, que a lógica capitalista que nos permite prosperar é insustentável, gerando pobreza em grande parte do mundo, excesso de lixo e um desequilíbrio que não será possível manter a longo prazo. Meu objetivo é provar que essa visão está errada”, ressalta o autor.

“‘A riqueza da vida simples’ trata de soluções para prosperar sem destruir, para construir um futuro rico sem abrir mão da qualidade de vida presente, para saber identificar e praticar a riqueza que, consciente ou inconscientemente, todos queremos ter, mas não sabemos onde encontrar”, afirma Cerbasi.

As 9 estratégias furadas

Outro problema ressaltado por Cerbasi é o fato de muita gente decidir buscar a independência financeira por meio de caminhos que não necessariamente vão levar ao sucesso. Ele elenca:

1 - A ilusão do emprego público

2 - A esperança das loterias

3 - A busca de um padrinho ou mentor que abra portas

4 - O voto em políticos populistas

5 - A dedicação incondicional a um emprego que não será eterno

6 - A bajulação de parentes ricos

7 - Investimentos milagrosos

8 - Negócios que prometem ganhos fáceis ou rápidos

9 - Mimar filhos para que eles paguem suas contas no futuro

“Talvez você não concorde com o rótulo de malsucedidas que dei a algumas das estratégias acima. Mas, depois de estudar cada uma delas em detalhes com os alunos de meu curso Inteligência Financeira, a conclusão a que chegamos foi de que atalhos podem, sim, dar certo, porém a estatística de sucesso resulta em números irrelevantes”, afirma Cerbasi.

“O emprego público oferece estabilidade, mas não é suficiente para toda a vida, já que o suposto ganho fixo cai após a aposentadoria, enquanto os custos para viver aumentam. Ganhar na loteria é tão improvável que ela pode ser entendida como um imposto (a arrecadação é voluntária, mas com destinação pública) cobrado somente daqueles que são muito ruins em estatística. Loterias sem conhecimento levam a perdas e depressão – isso está muito bem ilustrado no filme Até que a sorte nos separe, baseado em meu best-seller Casais inteligentes enriquecem juntos”, exemplifica.

“Confiar que alguém vai indicá-lo para um emprego, um cargo comissionado ou um time de futebol chega a ser uma atitude ingênua. Mesmo que você conheça alguém que possa lhe abrir portas, as indicações não vão se sustentar por muito tempo sem competência. Ou seja, no fundo, seu sucesso só depende de você”, complementa.

O método

A regra de ouro é simples e básica: gaste menos do que você ganha e invista bem a diferença. A questão é que fazer isso não é tão simples e básico para muita gente. “Poucas pessoas ignoram esse princípio. Porém, a maioria tem, supostamente, fortes argumentos para não colocá-lo em prática. Um desses argumentos é não saber investir, o que, na verdade, é uma mera desculpa de quem ainda não tentou”, garante Cerbasi.

“Investir é comprar algo e depois revender (às vezes, resgatar) a um preço maior do que foi pago na compra. É investidor quem compra e vende ações, opções, fundos, títulos financeiros e bens em leilões. Mas não deixa de ser investidor quem fuça em mercados on-line e classificados, compra algo que sabidamente está barato e depois revende com lucro, tendo feito ou não algumas melhorias. Sacoleiros, feirantes, comerciantes, ‘roleiros’ e agricultores, por exemplo, também podem ser considerados investidores, pois assumem riscos ao investir em algo que não sabem, ao certo, quando ou por quanto irão vender”, afirma.